Petróleo: Overview de junho

O mês de junho começou com falta de direção nos mercados devido a dados conflitantes que estavam obscurecendo as perspectivas. Indicadores macroeconômicos pessimistas e preocupações com o crescimento da demanda de petróleo vinham contrastando com o aumento de seu consumo em países-chave. Assim, apesar do déficit iminente na oferta, os preços do petróleo estavam seguindo esses indicadores.
Por outro lado, a demanda global por petróleo continua desafiando o cenário macroeconômico e espera-se um aumento de 2,4 milhões de barris por dia em 2023, superando o aumento do ano passado e as expectativas anteriores. Nesse contexto, a China é responsável por quase 60% dos ganhos, impulsionados pelo aumento do uso de transporte e petroquímicos, levando a uma demanda aparente recorde de 16,3 milhões de barris por dia em abril. Destaque também para a demanda robusta que vem mostrando a Índia, com recordes de consumo de gasolina e diesel no mês passado.
Por outro lado, na contramão de Índia e China, a demanda da OCDE permanece fraca devido à desaceleração contínua na indústria manufatureira e ao crescimento econômico baixo. Após um período de contração no fim de 2022 e início de 2023, a OCDE mostra sinais de crescimento moderado no segundo trimestre de 2023, impulsionado pela temporada de férias de verão nos EUA.
É importante destacar que embora a demanda por petróleo como um todo deva continuar crescendo ao longo de 2023 – ainda que deva diminuir globalmente para 860 mil barris por dia em 2024 - é esperado um aumento marginal na oferta. Em maio, a produção mundial de petróleo caiu devido aos cortes mais profundos na produção de alguns países da OPEP+, além de interrupções na produção de regiões do Iraque e Canadá.
Expectativa sobre a demanda global movimenta os preços atuais, mas não só ela:
Ontem (21), o petróleo registrou ganho de mais de 1% em meio ao enfraquecimento do dólar no exterior, de olho em sinais da (tão mencionada anteriormente) demanda global. Assim, o contrato do WTI para agosto fechou em alta de 1,88% (US$ 1,34) a US$ 72,53 o preço do barril na Nymex. Já o Brent para o mesmo mês avançou 1,61% (US$ 1,22) a US$ 77,12 o barril na Intercontinental Exchange (ICE). O quadro no câmbio embasou a recuperação da commodity que, antes disso, vinha sofrendo com perdas recentes, justamente por outros fatores afetando na negociação do petróleo, os quais abordaremos a seguir.
Na sexta-feira (16), por exemplo, os contratos futuros da commodity registraram ganhos após os dados de sentimento dos consumidores norte-americanos trazerem números melhores do que os previstos, com as expectativas de inflação diminuindo na preliminar de junho. No entanto, no mesmo dia, uma reunião do Conselho Estatal da China terminou sem medidas concretas para impulsionar a economia.
Já nesta segunda (19), devido ao feriado nos EUA, o petróleo registrou queda em uma sessão com pouca liquidez, recuando após a semana anterior de ganhos. Os temores macroeconômicos da economia global, principalmente em razão da desaceleração chinesa e dos potenciais poucos estímulos governamentais por lá, pesam. O Goldman Sachs cortou a projeção de alta do PIB chinês em 2023 de 6% para 5,4% devido aos “persistentes ventos contrários ao crescimento” no país. Assim, na terça (20), enquanto os investidores digeriam os cortes de juros de longo prazo pelo Banco do Povo da China (PBoC), o petróleo fechava nova queda.
Em suma, portanto, os fatores baixistas incluem a dificuldade no estímulo à economia chinesa e uma disciplina menor do que a esperada por parte da OPEP+ na adoção aos cortes de produção. No entanto, apesar dos riscos, não é impossível que vejamos os fundamentos do mercado impulsionando os preços do petróleo para cima no segundo semestre do ano, ainda que tudo indique chances bem menores do que o contrário.
Análise técnica: petróleo

Do ponto de vista técnico, após a formação de um fundo duplo no gráfico diário em maio, vimos recentemente uma repetição do padrão ao superar a faixa dos US$ 67 dentro do menor canal lateral em que o preço vem se mantendo no curto prazo. No entanto, os osciladores nesse mesmo gráfico têm lutado para obter qualquer tração positiva significativa, o que requer alguma cautela antes de tomar posições. Portanto, e não à toa, o movimento subsequente de alta nos preços do petróleo enfrentou forte resistência próxima à marca de US$ 72,00 (onde se encontra a Média Móvel Simples de 50 dias), voltando a apresentar queda acentuada hoje.
Caso essa marca fosse superada, o preço do petróleo bruto poderia romper a supracitada média e abrir espaço para um rally de alta. Portanto, uma força sustentada além desse nível poderia se estender ainda mais em direção à alta mensal de maio, por volta da área de US$ 74,70, que, se ultrapassada de forma decisiva, abriria caminho para um movimento de valorização adicional.
Por outro lado, uma queda abaixo da área de US$ 70,80, como estamos vendo, poderia levar os preços do petróleo bruto a cair em direção à marca psicológica de US$ 70,00 e, posteriormente, US$ 67,5 (onde se encontra o fundo do canal lateral em azul). Caso essa queda aconteça e os preços se sustentem, poderíamos ver a configuração de um fundo triplo dando força a uma recuperação mais forte. No entanto, em caso de continuidade da queda, o petróleo poderia atingir a marca de US$ 69,00 que, por sua vez, caso perdida, configuraria uma quebra convincente que serviria de gatilho para quedas mais acentuadas, podendo atingir a faixa dos US$ 64,105 onde o fundo duplo anterior se formou. Em um pior cenário, o fundo do canal de baixa (em branco) poderia ser atingido.
Em suma, no geral, os futuros do petróleo WTI permanecem sem direção clara dentro de um canal de baixa. O status neutro atual pode não mudar a menos que o preço acelere acima do canal e da SMA de 200 dias em 78,00 ou caia abaixo de 67,00. Isso fica ainda mais evidente quando olhamos o momentum no RSI, no MACD e no Estocástico abaixo. No entanto, ao que tudo indica, maiores são as probabilidades de queda.

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