Por unanimidade, na quarta-feira (14), o Fed manteve estáveis suas taxas básicas de juros entre 5,00 e 5,25%, seguindo a linha do que já era amplamente esperado. Por um lado, essa foi a primeira pausa em sua política de ajuste monetário desde março de 2022. Por outro, no entanto, o discurso de Jerome Powell foi bastante firme, e o órgão sinalizou possíveis novos aumentos até o fim deste ano.

A projeção para o final de 2023 foi elevada de 5,1% para 5,6%, o que significa que, em média, os membros do Fed esperam mais duas elevações de 0,25 pontos percentuais cada. Quanto a isso, a decisão não foi tão consensual assim: dois dos 18 membros acreditam que não haverá mais aumento nas taxas, enquanto três representantes até prefeririam três ou quatro.

Vale frisar também que os mercados futuros de taxas de juros continuam precificando no máximo mais um aumento nas taxas, apesar das projeções elevadas do Fed. O fato é que, após a reunião, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA (atingindo seu nível mais alto desde o início de março e/ou antes dos colapsos de alguns bancos regionais) e o dólar americano subiram.

Já no dia seguinte, o Banco Central Europeu elevou a taxa de juros da zona do euro em 0,25 pontos percentuais, chegando a 4% ao ano, evidenciando a persistência da inflação que, em maio, foi de 6,1% numa base anual, muito acima da meta de 2%. O aumento foi decidido apesar da zona do euro ter registrado quedas no PIB por dois trimestres consecutivos, entrando em recessão técnica. Assim, vimos o oitavo aumento consecutivo no velho continente desde a escalada que se iniciou em julho de 2022, e Christine Lagarde não descartou nova subida para a reunião de 27 de julho.

A presidente do banco ressaltou ainda que há mais trabalho a ser feito para restaurar a estabilidade de preços, o que levou a uma reavaliação hawkish do ciclo de aumento das taxas. O BCE também revisou para cima suas previsões de inflação para 2023, 2024 e 2025 em 0,1% para 5,4%, 3% e 2,2% respectivamente.

Dado o cenário, o euro fortaleceu-se em relação a todas as moedas na quinta-feira, após o anúncio da política monetária. No fim da tarde, o EUR/USD apresentava alta de 1,1% e atingia seu maior nível em cinco semanas. Já frente ao JPY, o desempenho foi ainda melhor, subindo 1,25% para ¥153,55, a marca mais alta em 15 anos, uma conquista notável para a moeda. Hoje, no entanto, a moeda opera em queda de 0,1%.

Análise técnica do EUR/USD:

A perspectiva técnica para o EUR/USD melhorou após o recente rali, mas ainda encontra entraves no gráfico diário. Como é possível ver acima, o par segue em alta desde o início do mês, mas enfrenta resistência da linha de tendência de alta que perdura desde o final do ano passado (linha branca mais comprida). Em confluência com a LTA, temos também como resistência os 50% do canal (azul) que o preço do euro vem respeitando, reforçando essa zona de resistência em conjunto, também, com o nível 0,786 de retração de Fibonacci.

Seria interessantíssimo, portanto, superar esses obstáculos e consolidar a região como suporte. Veremos se, com o sentimento em alta decorrente das medidas tomadas pelo BCE, o EUR/USD terá força para continuar sua trajetória ascendente no curto prazo. O RSI segue apontando para cima e, apesar de parcialmente esticado, ainda apresenta espaço para alta. Caso isso aconteça e a primeira resistência seja rompida, teríamos caminho aberto para uma escalada em direção às máximas de 2023, perto de 1,1095.

Por outro lado, se o EUR/USD não conseguir sustentar o movimento de alta e perder o relativamente frágil suporte nos 1,0940, podemos vê-lo caindo até aproximadamente o nível 0,618 de Fibo em 1,0920. Se esse patamar também vier a ser perdido, o próximo suporte se encontraria na região de 1,0866 aproximadamente (50% Fibo). Já em um cenário ainda mais desanimador no curto prazo, o euro poderia voltar a buscar o fundo do canal, dando força para que os vendedores possam retomar o mercado e preparando o terreno para uma correção mais forte.

No entanto, a perspectiva para o longo prazo segue inalterada, principalmente enquanto o par continuar acima da média móvel de 200 períodos (atualmente em 1,05418). Antes disso, também é importante observar a LTA iniciada em 7 de junho que vem servindo como base nesse curto prazo.