Com base nas atas da reunião do Federal Open Market Committee (FOMC) da semana passada, as probabilidades de um novo aumento nas taxas de juros em 14 de junho subiram para 67.7%, marcando uma mudança significativa no sentimento do mercado, principalmente se considerarmos que essa mesma probabilidade se encontrava abaixo de 10% há cerca de duas semanas.

Fonte: Fed Watch Tool

Grande parte disso se deve também a uma série de comentários “hawkish” por parte do FED e aos dados mais fortes do que o previsto ao longo da última semana, indicando uma atividade econômica ainda pujante que aumenta as pressões inflacionárias. Além disso, o avanço das discussões sobre a ampliação do teto da dívida nos EUA, que deve ser votado oficialmente amanhã (31) a fim de evitar a perda de confiança e o risco de calote, também dá espaço para que o banco central norte-americano suba ainda mais os juros.

O cenário é complexo e o endividamento americano é grande. De acordo com a Secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, os EUA não conseguiriam mais honrar suas obrigações a partir de 5 de junho. Vale lembrar que, na semana passada, havia apenas US$ 50 bi em conta, valor muito abaixo da média histórica de US$ 600 bi, o que fomentou a decisão preliminar de suspender o teto da dívida até 1 de janeiro de 2025, fazendo com que os mercados reagissem de forma positiva e justificando ainda mais os aumentos nas taxas como forma de conter respostas inflacionárias que possam surgir.

Dito isso, com a valorização do dólar americano, os preços do ouro sofreram uma forte pressão de venda, que pode se acentuar ainda mais em caso de continuidade de alta da moeda norte-americana ao longo da semana. Do ponto de vista técnico, o mercado de ouro (XAUUSD) tem apresentado queda desde a máxima local em US$ 2066,590, quando fez um possível topo duplo, testando agora a base de uma grande cunha ascendente. Atualmente, o ouro é negociado a US$ 1958,265.

Fonte: Tradingview

Adicionalmente ao padrão formado de rising wedge, que já tende a uma probabilidade maior de romper para baixo, destaque também para os indicadores de “momentum” negativos, com uma leve divergência bearish no RSI, o que pode reforçar a leitura baixista. Caso confirmado, o principal e primeiro nível de resistência local se encontra por volta dos US$ 1872,566. Caso contrário, devemos observar o price action respeitando a continuidade do padrão supracitado.

Em suma, o saldo é o seguinte: o momento do ouro tem sido bastante desafiador em razão das expectativas de aumentos das taxas de juros por parte do FED e das negociações em relação ao teto da dívida dos EUA, o que reforça a possibilidade de aumento e impulsiona o dólar americano, pressionando os preços do ouro para baixo. É preciso ficar atento aos desenvolvimentos destes temas e aos níveis técnicos mencionados para avaliar os próximos passos do mercado.